A pesquisa sobre cogumelos medicinais e seus efeitos neuroprotetores tem avançado significativamente, com especial atenção ao Hericium erinaceus (Juba de Leão), um cogumelo promissor para o suporte cognitivo e o alívio de sintomas ansiolíticos. Este artigo explora os achados de um estudo recente, no qual o H. erinaceus foi administrado a camundongos com características de doenças neurodegenerativas para avaliar seus efeitos sobre a memória espacial, comportamento ansiolítico e desempenho em atividades diárias.
Métodos e Resultados do Estudo
Tsai-Teng et al. (2016) administraram uma dose de 300 mg/kg de H. erinaceus diariamente a camundongos transgênicos com alterações neurodegenerativas semelhantes às vistas na Doença de Alzheimer (DA). A suplementação foi realizada por gavagem oral, com o micélio do cogumelo contendo erinacina A e extratos etanólicos, e obteve-se uma melhora significativa em atividades como nidificação e exploração, indicando um potencial benefício comportamental.
Outro estudo optou por uma abordagem diferente: misturar o H. erinaceus em alimento úmido oferecido ad libitum (à vontade). Esta escolha buscou simular a suplementação alimentar humana, evitando o estresse da gavagem oral e permitindo uma ingestão mais natural. Os resultados demonstraram efeitos ansiolíticos, como redução de sintomas relacionados à ansiedade, e aumento da atividade locomotora, mas não evidenciaram melhorias na memória espacial. Este achado sugere que o H. erinaceus pode beneficiar o estado emocional, mesmo sem melhorar aspectos cognitivos específicos em camundongos com DA.
Limitações do Estudo e Importância do Modelo Animal
A administração ad libitum, embora mais natural, impossibilitou a medição precisa da ingestão individual, limitando a análise quantitativa dos efeitos de dosagens específicas. Além disso, o modelo de camundongo rTg4510 usado neste estudo apresenta a mutação tau P301L, relevante para DA, mas pode sofrer influências de outros fatores genéticos. Essas limitações indicam a necessidade de precaução ao extrapolar os resultados para humanos, mas também ressaltam a importância de explorar como diferentes métodos e dosagens de H. erinaceus podem impactar sintomas específicos.
Comparação com Estudos Anteriores

Os estudos anteriores focaram-se em camundongos com mutações amiloides associadas à DA e também demonstraram efeitos benéficos do H. erinaceus na ansiedade e comportamento. Contudo, esta pesquisa se destaca por ser um dos primeiros estudos a testar o cogumelo em um modelo com patologia tau, reforçando a importância de investigar tanto os modelos amiloides quanto os modelos tau para entender as nuances do desenvolvimento da DA.
Perspectivas para o Uso Humano
Embora o estudo não tenha mostrado efeitos na memória espacial, os efeitos ansiolíticos observados podem ser extremamente benéficos para pessoas com DA ou cuidadores que buscam alternativas para o gerenciamento da ansiedade. Estes efeitos sugerem que o H. erinaceus poderia, em um contexto clínico, proporcionar suporte emocional significativo aos pacientes, algo de grande valor para o bem-estar geral.
Considerações Finais e Direções para Pesquisas Futuras
A pesquisa abre caminho para novas investigações sobre os mecanismos bioquímicos que permitem ao H. erinaceus atuar de forma ansiolítica e explorar seu potencial neuroprotetor em diferentes contextos de DA. Futuras análises poderiam incluir biomarcadores como NGF (fator de crescimento nervoso), BDNF (fator neurotrófico derivado do cérebro), e tau, para investigar mais a fundo os efeitos do cogumelo no cérebro.
No geral, o H. erinaceus continua sendo um suplemento promissor. A ciência sugere que, embora não haja consenso absoluto sobre seu impacto na memória, o cogumelo pode oferecer apoio valioso para a saúde mental e emocional, sobretudo em contextos de ansiedade e neurodegeneração.
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